quarta-feira, 2 de julho de 2014

Nem Freud e nem Jung. É futebol, apenas.

O assunto da moda agora no que diz respeito à Seleção Brasileira é o emocional. Análises e mais análises psicológicas estão sendo feitas sobre os últimos eventos, em especial o “chororô” dos jogadores antes das cobranças de pênaltis.

Eu evitei ao máximo comentar sobre isso por dois motivos simples: o primeiro é que não sou nenhum especialista – sou jornalista, não psicoterapeuta – e o segundo é que não consigo enxergar isso da maneira catastrófica que alguns veículos estão pintando.

Posso dar os meus 10 centavos sobre esse assunto, apesar de tudo.

A Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, ficou marcada por uma suposta “falta de comprometimento”. Os jogadores pareciam estar mais preocupados em bater recordes pessoais do que ganhar o título. É evidente – pelo amor de Santa Cecília! – que todos queriam conquistar o hexacampeonato na ocasião, mas isso pareceu ser deixado para segundo plano em alguns momentos.

O que eu enxergo nesse ano, e em especial no choro dos jogadores, é um misto de vontade de ganhar com medo de perder. As duas coisas andam mais ou menos de mãos dadas, ainda mais quando se trata de uma fase eliminatória, quando um erro elimina. Isso explica, por exemplo, Júlio César ser o mais emocionado no momento das cobranças de pênalti. Exceção feita à Felipe Melo – que comprometeu de fato o time com sua expulsão –, ele foi o mais crucificado pelos erros contra a Holanda na Copa passada. Nas grandes penalidades o goleiro está sozinho contra um cobrador adversário, e é o momento em que ele se consagra e consagra o time. Mais do que os jogadores de sua equipe marcarem, ele precisa, de qualquer maneira, colocar a Seleção que representa em vantagem.

Júlio César sentiu a responsabilidade de fazer isso, mais como uma forma de se redimir de 2010 do que qualquer coisa. Mesmo que todos os chutes fossem na área “indefensável” do gol (perto do ângulo), ele sabia que ia cair nos seus ombros uma possível eliminação. De novo.

Mas vejam: ele sentiu a emoção, mas ela não o destruiu. Acompanhei Júlio César de perto na época do Flamengo e no final da sua última passagem pela Inter de Milão. Ele sempre foi um excelente pegador de pênaltis. E, de alguma maneira, o jogador sabe do que é capaz. Sentiu, chorou, pediu ajuda aos céus e foi para a meta. Lá, se consagrou.

A maioria absoluta dos outros jogadores não estava na Copa do Mundo de 2010 (alguns até mereciam, mas isso é para se discutir em outros posts), mas sentiram a situação toda. Mineirão lotado, jogo duríssimo, a Seleção Brasileira foi mal durante o tempo normal e a prorrogação, correndo o risco até de perder. É uma situação única! O maior vencedor de Copas joga em casa com um time extremamente jovem e que já precisa assumir a responsabilidade. E vencer. Qualquer coisa diferente disso é visto como fracasso.

Não vou entrar no mérito do hino. Acho uma insanidade discutir se ele faz bem ou mal pro time. Nem no vídeo motivacional, nem nos métodos do Felipão, nem na presença ou ausência da psicóloga da Seleção na concentração.

O única coisa que discuto é o carnaval que surgiu depois de uma demonstração forte de emoção. Nem Freud explica a quantidade de psicólogos de boteco que apareceram depois.

E, na boa, prefiro discutir futebol no boteco do que discutir psicologia.

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