terça-feira, 22 de julho de 2014

De Breitner a Dunga, nada vai mudar no Brasil

Finalmente Dunga foi anunciado oficialmente como novo técnico da Seleção Brasileira, com direito a coletiva e todos os trâmites naturais.

E ficou claro que nada vai mudar. Na verdade me sinto até ingênuo de ter cogitado o contrário, especialmente com essa diretoria da CBF aí presente.

Uma das respostas da coletiva me surpreendeu negativamente. Parte tática a parte (que nós temos a esperança que Dunga consiga oferecer mais do que da outra vez), o técnico apresentou sua visão sobre a Alemanha e o título.

Segue o trecho, publicado no globoesporte.com:

“Parece que todo mundo descobriu a Alemanha agora, mas eles sempre foram organizados e tiveram planejamento. Sempre tiveram centros esportivos. Morei lá e vi. É um país que tem tradição de dar importância aos esportes em geral, à formação dos atletas, convivência, educação... E agora acham que eles fizeram isso nos últimos anos? Sempre foi assim. O que aconteceu foi que a Alemanha encontrou uma geração de ótimos jogadores como já teve no passado. As peças encaixaram, deram tempo ao tempo.”

Engraçado que a fala dele contrasta justamente com o que diz Paul Breitner, que foi no programa Bola da Vez na ESPN Brasil em 2013 e cravou, profeticamente, que a Alemanha seria uma das maiores favoritas a conquistar o título no ano seguinte.

(ok, não precisava ser nenhum gênio para ver esse favoritismo, mas vale o registro)

O trecho importante da entrevista você pode ver clicando aqui. E eu copio abaixo um outro pedaço, dessa vez numa reportagem mais ampla sobre o futebol alemão publicada na ESPN.com.br:

"Não adianta mudar com jogadores de 17, 18 e 19 anos. E sim meninos de 11, 12 e 13 anos. E você realmente precisa mudar coisas que importam. É o caminho. Quando você diz que nosso último título foi em 1996, foi um dos divisores de águas no futebol alemão. Desde o início dos anos 90 o futebol muito e no início da última década. E nós estávamos pensando que éramos os melhores, que não tínhamos que aprender nada com ninguém. É a situação que o futebol brasileiro está hoje"

E mais outro:

“Mudamos o que se priorizava até então na Alemanha, que era a condição física. Esse trabalho demora 4, 5 ou 6 anos para ter efeito. E agora, nesses últimos dois ou três anos, podemos ver a primeira geração de 19, 20 e 21 anos. Um time jovem que tem um grande futuro pelos próximos quatro, seis anos. (...)”

No final das contas a pergunta que fica é: Será que os que cuidam do futebol brasileiro tem esse tal grau de miopia e soberba que são incapazes de ver, analisar e tentar aprender com o que estão fazendo fora do país, a ponto de achar que nada foi realizado?

Desisto da Seleção Brasileira, CBF e afins. Nada mudou e nem vai mudar.

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