terça-feira, 24 de junho de 2014

O que se passa com a Inglaterra?

Toda Copa do Mundo é a mesma história: os ingleses montam um bom time, com um ou dois jogadores muito acima da média, e entram como favoritos. Depois acabam enfrentando um adversário que é favorito de facto e saem da competição antes do esperado. Esse ano tivemos requintes de crueldade: eliminados na primeira fase, sem uma vitória sequer.

Afinal, o que acontece com a Inglaterra? Por que a seleção não consegue fazer uma campanha realmente convincente desde 1966? Sendo bondoso, desde 2002, quando foi eliminado nas quartas de final para o Brasil – que seria campeão?

O diagnóstico é difícil. A formação geopolítica do Reino Unido talvez ajude a explicar. Se eles competissem como uma só nação (como acontece nas disputas olímpicas), talvez ajudasse. Não dá para cravar que seja isso.

O “país” (é preciso usar esse termo com muita cautela) tem a liga de futebol mais forte e mais rica do planeta. Os direitos de transmissão são monstruosos, o dinheiro de patrocínio é uma enormidade, os estádios estão sempre lotados, os clubes têm um número absurdo de sócios – mesmo em divisões mais baixas.

Isso tudo sem contar que o país tem uma cultura de “futebol” muito mais forte do que o Brasil – que se limita a torcer e ver grandes jogos. Além de tudo, ainda são os criadores do esporte! E não engrenam!

Talvez o jeito que encarem o jogo, sempre muito mais coletivo do que individual, contribua. Dá para contar nos dedos o número de “grandes jogadores ingleses” no último século. Diferente dos grandes times, que tivemos vários (campeões da Champions League, inclusive). A maior revelação inglesa dos últimos tempos, Rooney, acabou se tornando um belo jogador, bem acima da média – mas não virou tudo o que prometia.

E ainda os grandes times, nos anos recentes, tiveram suas bases formadas por jogadores de outros países. Apenas um ou outro inglês se destacando.

Apesar disso tudo que comentei acima, os ventos de mudança estão soprando. É bem verdade que não passa de uma brisa por enquanto, mas já podemos ver situações interessantes. O Liverpool, vice campeão inglês da última temporada, não é apadrinhado por nenhum ricaço do oriente médio ou da extinta união soviética e tinha uma base formada por jogadores ingleses – não a toa era a base da Inglaterra.

Mas United? Chelsea? City? Tottenham? Arsenal? Quase um deserto de ideias na base. Um bom conjunto, talvez. Bons jogadores fazem bons times. Mas jogadores excepcionais fazem times vencedores. E eles precisam nascer na Inglaterra.

Se não houver uma mudança radical no modus operandi do futebol inglês nos próximos quatro anos, já é seguro dizer que os ingleses não serão favoritos. Quem faz (ou deixa de fazer) o que a Inglaterra fez desde 1966 não pode mais ser favorito a nada.

Nenhum comentário :

Postar um comentário