quarta-feira, 25 de junho de 2014

O caso Paulinho

Um dos jogadores que mais decepciona os torcedores nessa Copa do Mundo é Paulinho. Na eminência de perder sua vaga de titular para Fernandinho, o volante está numa das piores fases da carreira. Amarga uma fase inconstante, de idas e vindas ao banco de reservas no Tottenham, seu clube na Inglaterra. Além disso, ainda não conseguiu mostrar na Seleção Brasileira o bom futebol que o consagrou no Corinthians.

Afinal, o que acontece com Paulinho?

É possível arriscar várias respostas, provavelmente nenhuma correta. Mas tentamos – estamos aqui para isso.

Primeiro, o conceito abstrato de “fase ruim”. É inegável que o atleta não está no melhor momento de sua carreira. Apesar de um início promissor no clube inglês, ainda não conseguiu nem de longe se firmar como peça importante. Importante notar, porém, que a fase do time como um todo não é boa – a venda de Bale rendeu muito dinheiro, mas o Tottenham ainda não conseguiu se recuperar tecnicamente da perda do galês.

Depois, o posicionamento em campo. No Corinthians, Paulinho era um segundo volante responsável pela armação e, principalmente, chegada no ataque. Conseguia fazer o time ter vantagem numérica na frente e, com isso, abria a defesa adversária. Essa sua função ajudou o time a marcar gols durante o ano – ele mesmo foi o autor de alguns. Além disso, sua estatura (1,82 m) ajudava nos cabeceamentos. O tal do elemento surpresa não funciona na Seleção, simplesmente porque ele não existe. Sabemos o quanto Luiz Felipe Scolari é conservador na montagem de seus times e observamos nitidamente como o jogador parece mais “tímido” no escrete nacional – ele evita subir ou chutar em oportunidades claras.

E a terceira questão é a cabeça. Chegam notícias da Granja Comary que o atleta está com um problema de confiança em seu futebol. Na realidade, futebol propriamente dito todos sabemos que ele tem – muito, aliás. O problema é que vira uma bola de neve: uma atuação ruim, a confiança desaba, ele não sobe tanto pro ataque, não dá passes decisivos, não tem outra atuação ruim, a confiança cai ainda mais... E é assim ad eternum. De todos os pontos que comentei nesse texto, esse específico talvez seja o mais difícil de lidar.

A tendência, infelizmente para Paulinho e felizmente para a Seleção, é que Fernandinho assuma a vaga de titular. No jogo medonho que o time fez contra Camarões, ele foi decisivo para a mudança de postura no segundo tempo – distribuiu o jogo, deu passes, buscou alternativas e carregou a bola. O dinamismo, esperado do atleta do Tottenham, veio do jogador do rival Manchester City

Apesar dos pesares, Paulinho ainda tem muito o que mostrar. É um senhor jogador, com qualidades modernas que o futebol exige. Mas, numa competição curta com apenas 7 jogos, com a pressão que a Copa do Mundo em casa exerce em cada atleta do time nacional, a mudança se faz necessária.

Torço por ele. Mas hoje Fernandinho é meu titular.

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